A Frente de Defesa do Canteiro Central da Avenida Frei Serafim, movimento constituído pelo Ministério Público do Estado do Piauí e outras instituições, firmou parceria com o grupo Pedal Noturno para a promoção de um passeio ciclístico em nome da proteção do patrimônio histórico e cultural dos cidadãos teresinenses. O evento está marcado para o dia 29 de março de 2016 (próxima terça-feira), com concentração às 19h e partida às 20h, no cruzamento entre as avenidas Frei Serafim e Miguel Rosa (em frente ao prédio do DER/PI). Qualquer pessoa pode participar: o grupo Pedal Noturno dispõe de bicicletas para aluguel, caso o interessado não possua. Para aderir, entre em contato com a Coordenadoria de Comunicação Social do MP/PI, através do telefone (86) 3216 4576 (atendimento das 7 às 14h).

 

Embora ainda não tenham sido iniciadas obras na extensão do canteiro, o Plano Diretor de Transportes e Mobilidade Urbana de Teresina prevê a instalação de vários pontos de parada de transporte coletivo ao longo daquele espaço, que atualmente é utilizado como área de convivência e passeio para pedestres.

 

“A construção dos terminais prejudicaria irreversivelmente o canteiro, pois implicaria na supressão de espaço e na eliminação das várias árvores que, além de ornamentar a área, contribuem para o controle da temperatura e para a manutenção da qualidade do ar”, explica a Promotora de Justiça Maria Eugênia Bastos, coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente. “O prejuízo maior, contudo, advém do contínuo processo de intervenção na Avenida Frei Serafim, que abriga os mais importantes patrimônios históricos da capital. Há vários anos o Poder Público tem alterado a configuração original da via, sem um planejamento mais detalhado que permita a aplicação racional dos recursos financeiros”, continua ela. O Ministério Público lembra ainda que os pontos de ônibus, por conta do uso contínuo e da concentração de lixo, implicarão em uma rápida deterioração do local. Além disso, a trepidação de veículos maiores, como ônibus, acarretará a alteração da via de acesso (asfalto) e, por conseguinte, comprometerá a estrutura do canteiro em toda a sua extensão.

 

Em 2006, por exemplo, as calçadas foram reduzidas, o que prejudicou a configuração dos prédios históricos e limitou a mobilidade dos pedestres. Com a ocupação do canteiro central, esse problema será agravado. “O que estamos presenciando é a destruição de um dos principais símbolos da cidade, em nome de medidas que não garantem um melhor escoamento para o trânsito. De fato, a Avenida Frei Serafim, em toda sua extensão, não mais é considerada como uma simples obra de engenharia, ao contrário, possui um simbolismo relacionado à vida da cidade de Teresina, sendo, por si só, um patrimônio histórico de todo teresinense que merece ser preservado”, ressalta o também Promotor de Justiça Sávio Carvalho.

 

Na semana passada, o Ministério Público conseguiu uma liminar que obsta o início de quaisquer obras no canteiro. O desafio agora é viabilizar a manutenção da decisão, com o objetivo de proteger a área. Por isso, foram mobilizadas instituições como o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o CREA/PI (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Piauí), o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Piauí) e a FCMC (Fundação Cultural Monsenhor Chaves), além de professores e pesquisadores.