Uns dizem não precisar, outros dizem serem fortes e aguentar qualquer coisa. Mas é necessário saber: por que os homens não costumam procurar os serviços de saúde? Esse foi um dos temas trabalhados, nesta terça-feira (27), no 6º módulo do Projeto Reeducar, do Ministério Público do Piauí (MPPI), que trabalha com homens que respondem judicialmente por violência doméstica e familiar.
Segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, divulgada em 2016, quase um terço dos homens não têm o hábito de procurar os serviços de saúde para prevenção e promoção da qualidade de vida. Na pesquisa, uma das respostas mais comuns foi a de que nunca precisaram, o que, por conseguinte, revela que os homens morrem mais cedo que as mulheres e, muitas vezes, por doenças que poderiam ter sido prevenidas.
“O homem deixa a desejar no sentido de estar em busca das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e da Atenção Básica, para realizar, com critério, uma sistematização da sua saúde, no sentido de se prevenir e se cuidar. Muitos têm tendência a fatores de risco, como o alcoolismo, o tabagismo e a alimentação inadequada, mas continuam com essa negligência”, aponta a enfermeira Anneth Cardoso, facilitadora deste módulo.
Para a promotora Amparo Paz, titular da 10ª Promotoria de Justiça – integrante do Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (NUPEVID), e coordenadora do projeto Reeducar, essa realidade tem raízes culturais e sociais.
“Desde a infância é imposto à criança do sexo masculino que seja forte, não demonstre fragilidade, inclusive com a conhecida expressão ‘homem não chora’, o que não é verdade, claro. Sendo assim, o que se tem, é o resultado de uma cultura machista em que os próprios homens saem prejudicados ao negligenciarem a sua saúde, o seu bem-estar. É preciso mudar isso. Ninguém ganha com o machismo e com a violência”, frisa.
Para sanar esse problema, existe a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, desenvolvida pelo Ministério da Saúde, com aplicação em todos os serviços básicos de saúde do país.