O Ministério Público do Piauí, por meio do Comitê de Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho (SQVT) – “Programa Bem Viver no MPPI” realizou, na tarde dessa quinta-feira (19), o bate-papo “Privilégios da branquitude e ações antiracistas”. A iniciativa foi promovida em alusão ao Novembro Negro – Mês da Consciência Negra. O diálogo sobre o tema teve como palestrante a pesquisadora, ativista, artista de dança e doutoranda em dança Luzia Amélia. O bate-papo foi transmitido pelo canal oficial do MPPI no YouTube.
No Brasil, o dia 20 de novembro foi instituído, pela Lei Federal n° 12.519/2011, como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. O conceito de Consciência Negra evoca o sentimento de valorização das origens africanas na formação do povo brasileiro, com o reconhecimento das múltiplas raízes históricas e culturais do Brasil. Para o sociólogo Alberto Guerreiro Ramos, a consciência negra também representa a mobilização intelectual e política contra as condições impostas à população negra pelo racismo; ela é um ato de assunção da negritude para desconstrução dos padrões racistas.
Luzia Amélia iniciou sua apresentação ressaltando a importância de iniciativas como a do bate-papo promovido pelo MPPI para o debate sobre o racismo. “É algo de grande relevância, pois precisamos levar essas discussões para dentro das instituições de estado. É uma das formas de repensarmos a forma como as relações sociais estão sendo construídas”, disse a estudiosa.
A palestrante, durante sua exposição, traçou um panorama histórico sobre a situação da pessoa negra no Brasil. Amélia frisou em particular os impactos do sistema de escravização da pessoa negra promovido no Brasil por mais de 300 anos, e com efeitos que reverberam até a atualidade. Ela pontuou que esse retrospecto histórico faz-se necessário, uma vez que o racismo possui raízes profundas e antigas. Luzia Amélia finalizou sua apresentação indicando aos participantes uma série de livros sobre o tema do racismo.

A promotora Myrian Lago, titular da 49ª Promotoria de Justiça de Teresina, agradeceu a participação de Luzia Amélia e discorreu um pouco sobre o trabalho da Comissão de Defesa da Equidade de Gênero, Raça e Diversidade do MPPI. “Essa discussão tem tomado uma proporção cada vez maior, apesar de ainda assistirmos a situações tristes para as pessoas negras. Em nossa instituição foi instituída essa comissão para que possamos avançar cada vez mais na promoção da pluralidade, propondo ações efetivas de inclusão “, explicou a presidente da comissão.
Por último, a promotora Myrian Lago informou que a Comissão de Defesa da Equidade de Gênero, Raça e Diversidade doará à biblioteca do Ministério Público do Piauí a coleção “Feminismos Plurais”, que conta com obras assinadas por autores como Djamila Ribeiro, Silvio Almeida, Juliana Borges e outros, que abordam os temas do racismo estrutural, interseccionalidade, apropriação cultural, encarceramento em massa, empoderamento e afins.
O bate-papo em alusão ao Novembro Negro já está disponível no canal oficial do MPPI no YouTube. Você pode acessar e assistir ao conteúdo do evento.