O Ministério Público do Piauí (MPPI), por meio da 10ª Promotoria de Justiça – integrante do Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (NUPEVID), realizou, nesta sexta-feira (17), palestra sobre violência contra a mulher, no município de União.
Ministrada pela promotora de Justiça Amparo Paz, a convite da Secretaria Municipal de Ação Social de União, foram abordados temas como Lei Maria da Penha, tipos de violência contra a mulher, cultura do machismo e estupro e feminicídio. Martina Cavalcante, secretária da pasta, ressalta o objetivo da palestra como o de “capacitar cada vez mais os profissionais da Rede Municipal para fazer o atendimento a essas mulheres, especialmente na zona rural”.
“Se eu botava um vestido, se eu me arrumava, ele dizia que era para traí-lo. Me tirou de dentro de ônibus e definia com quais motoristas eu poderia andar”. Esse é o relato de Francisca Avelino, que, como tantas outras mulheres, foi vítima de violência doméstica. Depois de 20 anos casada e sofrendo abusos, ela denunciou o marido após ter sido agredida fisicamente.
Segundo Amparo Paz, essa é uma realidade comum no contexto da violência doméstica, em que fica evidenciada a importância da denúncia. “É essencial que haja a denúncia. Infelizmente, nós sabemos que muitas mulheres se sentem inseguras na hora de denunciar, afinal estão vivendo uma situação de fragilização. Porém, com o fortalecimento da Rede de Atendimento à Mulher e o empoderamento feminino, tem-se aumentado cada vez mais o número de denúncias, e por consequência, a proteção e garantia dos direitos daquela mulher”, explica.
Direitos pelos quais Deuzuita dos Santos luta há mais de 30 anos. Com 77 anos de idade, ela é uma das fundadoras do Coletivo de Mulheres do Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e do Conselho dos Direitos da Mulher de União. “Eu cuidava da minha casa, do meu marido e dos meus filhos, mas nas reuniões quem iam eram os homens, quem falavam eram homens. E foi então que eu fui me descobri como mulher e que precisava lutar por mim e pelas outras mulheres”, conta.
A promotora ressalta que o trabalho de prevenção é uma das principais formas de extinção da violência contra a mulher. “Mais do que punir, os órgãos competentes, hoje, devem focar na prevenção, e é isso o que estamos fazendo no Nupevid. Lembramos também que estamos sempre disponíveis para atender as vítimas, e da importância da denúncia por meio do Disque 180”, finaliza.