“Vamos falar de gênero?”:  foi com esse tema que o Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI) realizou na manhã desta sexta-feira, 2, na sede da Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), um ciclo de palestras com intuito de esclarecer dúvidas de membros, servidores e estagiários da instituição sobre assuntos relacionados a gênero.

 

A palestra foi articulada pelas Promotoras de Justiça Myriam Lago (titular da 49ª Promotoria de Justiça), Flávia Cordeiro (Coordenadora do Centro de Apoio de Defesa da Educação Cidadania – CAODEC) e Amparo Paz (titular da 10ª Promotoria de Justiça, que integra o Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar), com o apoio do Centros de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF).

 

Duas palestrantes foram convidadas para o debate: a professora, pesquisadora e jornalista Clarissa Carvalho; e Maria Laura Reis, Secretária Geral do Grupo Piauiense de Transexuais e Travestis e Conselheira do Municipal de Direitos de LGBT de Teresina.

 

Temas como orientação sexual, identidade de gênero e expressão de gênero estiveram no centro dos debates. A jornalista Clarissa Carvalho explicou que as definições de gênero são resultados de uma construção social, o que, de acordo com a pesquisadora, legitima a segregação entre os indivíduos, estimula o preconceito e desencadeia a prática de atos de violência.

 

“Não podemos mais viver numa sociedade onde o que é diferente do estabelecido como normal merece ser agredido de forma verbal, física ou psicologicamente. Por isso, é imprescindível debater gênero nas escolas, nas universidades, no parlamento, no executivo, em todos os lugares. Os discursos construídos pela mídia também necessitam ser revistos para não reforçarem estigmas e preconceitos”, enfatizou a jornalista.

 

Durante sua fala, Laura Reis reforçou que muitas conquistas de direitos da população GLBT foram alcançados através de muitos anos de luta. Ela lembrou que a homossexualidade, por exemplo, só deixou de ser considerada doença em 1990, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na lista de patologias mentais do Código Internacional de Doenças. A decisão também eliminou o uso do sufixo ‘ismo’, desvinculando a orientação sexual da ideia de enfermidade. A data é tão memorável que passou a marcar o Dia Internacional de Combate à Homofobia.

“Nós avaliamos essa ação como extremamente positiva porque o Ministério Público é sempre uma instituição muito importante. Sabemos que, entre as missões desse órgão, está a defesa dos interesses sociais, para que nós todos possamos exercer nossa cidadania”, declarou.