A violência doméstica e familiar, muitas vezes, tem o uso do álcool e seus efeitos colaterais como precipitadores e intensificadores. O tema foi discutido, nesta terça-feira (30), com homens que respondem pelo crime de violência doméstica, no programa Reeducar, promovido pelo Ministério Público do Piauí (MPPI).
Segundo dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Unifesp, de 2016, o uso de álcool está associado a 50% dos casos de violência doméstica. “Sob o efeito de álcool e outras drogas é comum haver a sensação de desinibição, que aumenta a sensação de onipotência, em que a pessoa pode exacerbar uma personalidade agressiva”, explica o psicólogo do Centro de Atenção Psicossocial de álcool e drogas (CAPS-AD), Anderson Lima.
No Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (NUPEVID), órgão do Ministério Público responsável pelo desenvolvimento e execução do projeto, a maioria dos casos atendidos tem relação com o uso de álcool.
“Um detalhe muito importante a ser destacado é que as drogas e, principalmente o álcool, costumam estar presentes nos casos de violência doméstica, porém, não são as causadoras. Já existe um potencial agressor que, com a interferência da droga, tem essa violência potencializada”, destaca a promotora de Justiça Amparo Paz, coordenadora do NUPEVID.
Participante do Reeducar, o pedreiro J.F.S é um dos casos em que a bebida alcoólica contribuiu para a violência. “No dia em que aconteceu o meu caso, todos os envolvidos estavam embriagados e eu acabei preso. Eu sempre tive problema com álcool e drogas. Passei 23 anos da minha vida usando maconha, cocaína e bebida alcoólica. Hoje eu não uso mais. Estou há seis meses sem beber e há mais de nove anos que não uso outras drogas. E estou levando o aprendizado daqui para o meu processo de recuperação”, conta.
A promotora Amparo Paz, coordenadora do projeto Reeducar, na entrega do certificado ao psicólogo do Centro de Atenção Psicossocial de álcool e drogas (CAPS-AD), Anderson Lima e a psicóloga Cynara Veras, que integra a equipe do NUPEVID.