O Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI), por meio do Núcleo de Práticas Restaurativas e Autocompositivas (Nupar), realizou na manhã dessa segunda-feira (07), no auditório da sede Leste do MPPI, uma nova etapa do projeto “Nupar – Reconstruindo Vínculos”, que consistiu em uma capacitação sobre a comunicação não violenta (CNV) nas relações interpessoais.
O projeto tem como objetivo contribuir para a restauração e o fortalecimento dos vínculos familiares de adolescentes em situação de acolhimento institucional em Teresina e o fomento da solução pacífica de conflitos. Nessa etapa, buscou-se abordar o uso da CNV como ferramenta de estímulo para boas práticas de comunicação no cotidiano das instituições aderentes ao projeto e o fomento de comportamentos colaborativos.

“Hoje, estamos realizando uma oficina de comunicação não violenta com o intuito de aperfeiçoar ainda mais os serviços oferecidos pela rede de proteção. Com relação ao projeto, buscamos, verdadeiramente, viabilizar um novo caminhar para esses adolescentes, uma vez que só podem ficar nas instituições até os 18 anos. Então, o projeto busca a reconstrução dos vínculos familiares, para que possam ter uma vida saudável, com afeto e acolhimento”, disse a coordenadora do Nupar, Cynara Barbosa, idealizadora do projeto.

Segundo o Instituto CNV Brasil, a comunicação não violenta é uma prática que tem como objetivo gerar mais compreensão e colaboração nas relações pessoais, a partir de quatro componentes básicos: observação, sentimentos, necessidades e pedidos. “A CNV é uma abordagem que facilita a conexão entre as pessoas e traz benefícios, principalmente interpessoais, na resolução de conflitos, disputas e discussões. Para essas instituições, ela é primordial para otimizar as relações dos colaboradores com crianças, bem como entre a própria equipe”, disse a psicóloga do MPPI Liandra Nogueira, responsável por conduzir a capacitação.
Durante a execução do projeto “Reconstruindo Vínculos”, foram celebradas parcerias com cinco instituições de acolhimento, sendo eles o Abrigo Masculino de Teresina, o Abrigo Feminino, a Casa Dom Barreto, o Centro de Reintegração e Incentivo à Adoção (Cria Piauí) e a Casa de Punaré. Um levantamento feito em 2014 pela Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social (Semcaspi) mostra que metade das instituições de acolhimento sob supervisão do município de Teresina apresentam capacidade de atendimento superior ao estabelecido pelas normativas nacionais.
O psicólogo Marcos Brito, que atua junto à Casa de Punaré, enfatiza a importância da ação para a rede de proteção e que a iniciativa se alinha com as necessidades e particularidades do acolhimento institucional. “É muito importante que tenhamos um olhar atento para essa peculiaridade que temos no nosso dia a dia, a de que muitas crianças e adolescentes já vêm de situações de violência, inclusive a verbal. Por isso, precisamos nos preparar para nos comunicarmos sem produzir ainda mais violências”, disse Marcos.
O Nupar desenvolve ainda o projeto com foco na Justiça Restaurativa. O intuito é incentivar que os envolvidos no conflito participem ativamente da reparação do dano, amenizando o sofrimento causado e, sempre que possível, tomem providências para prevenir a sua recorrência. “A gente lida com adolescentes em situação de vulnerabilidade, por isso é necessário buscar que eles retornem para suas casas da maneira mais saudável possível”, comenta a servidora do Nupar Michele Rodrigues, que atua na execução do Reconstruindo Vínculos.

