O Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI), por meio do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde (CAODS), participou de audiência pública na quinta-feira (26), sobre a situação dos pacientes renais crônicos, realizada pela Comissão de Saúde, Educação e Cultura da Assembleia Legislativa do Piauí (ALEPI).

A iniciativa foi do deputado Vinícius Nascimento, que presidiu a sessão. A audiência resultou de reclamações feitas pela Associação dos Pacientes Renais Crônicos do Estado do Piauí (APREPI). Isso porque, conforme membros da instituição, os serviços prestados pelos centros de hemodiálise no Piauí apresentam diversos problemas.

Conforme a representante da APREPI, Mariza Costa da Silva, o Piauí tem atualmente cerca de 3 mil pacientes renais em hemodiálise. Ela explicou que a associação realizou visitas nas clínicas prestadoras dos serviços, nas quais foram constatadas falta de nefrologista clínico, funcionários em funções não compatíveis, técnicos trabalhando sem equipamento de proteção individual, e algumas clínicas há muito tempo sem oferecer a troca de cateter, o que pode causar problemas de saúde aos pacientes, bem como a deficiência de encaminhamento para transplantes.

O membro da APREPI, Luís Gonzaga, também contou que os pacientes renais crônicos têm dificuldade em conseguir realizar a diálise peritoneal, opção que permite a realização do tratamento em domicílio, sem que o paciente precise se deslocar, como é o caso da hemodiálise. A indicação para a sua utilização depende das condições clínicas do paciente.

Outro ponto, destacado pela coordenadora da Clinica de Nefrologia do Hospital Getúlio Vargas, Celina Castelo Branco, foi a possibilidade de prejuízos aos pacientes causados por encaminhamento tardio para o tratamento, uma vez que seu quadro de saúde pode interferir nas opções terapêuticas.

Na ocasião, a coordenadora do CAODS, promotora de Justiça Karla Daniela Carvalho, destacou a importância da Atenção Básica, trabalhando também na prevenção de patologias relacionadas à doença renal crônica, como hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus, bem como da utilização de estratégias que qualifiquem o atendimento, integrando protocolos de encaminhamento com a Regulação.

A representante do MPPI ainda frisou que deve ser informado ao paciente a necessidade de inscrição em lista de espera para transplante e encaminhá-lo para avaliação por uma equipe.

Entre os pontos levantados pela Secretaria de Estado da Saúde (SESAPI), o superintendente de Gestão da Administração da SESAPI, Jonatas Melo Neto, e o diretor da Unidade de Controle, Avaliação, Regulação e Auditoria da SESAPI, Rodrigo Martins pontuaram o interesse em descentralizar os atendimentos para pacientes renais crônicos, de forma que não precisem haver longos deslocamentos para polos de atendimento, como Teresina. “