Sempre com o intuito de estreitar os laços entre o Ministério Público Estadual e as comunidades, a Procuradora-Geral de Justiça do Piauí, Zélia Saraiva Lima, visitou a sede do Movimento Pela Paz na Periferia (MP3) na manhã de hoje (14/01). O projeto já foi premiado e reconhecido a nível nacional e internacional, mas atualmente sofre com a falta de fontes de recursos. Ainda assim, o MP3 ainda se mantém firme na assistência e no acolhimento de jovens em situação de vunelrabilidade social, oferecendo cursos de capacitação e atividades construtivas que vem contribuindo bastante para o combate à violência. O público atendido pela casa tem a oportunidade de aprender a reciclar e reutilizar lixo eletrônico (peças de computadores, televisões, geladeiras…). O resultado se expressa em diversos objetos artísticos e equipamentos funcionais. A sede do MP3 possui ainda salas para inclusão digital, robótica, estação digital, estruturas para a construção de um teatro e um estúdio de rádio.
Durante a reunião, Zélia Saraiva e a Promotora de Justiça Leida Diniz (centro) conversaram com o coordenador do MP3, Francisco Júnior, no intuito de traçar estratégias para combater a violência

 

A Promotora de Justiça Leida Diniz, que atua junto aos Feitos da Fazenda Pública, já conhecia o projeto e vem atuando como colaboradora constante.  A Procuradora-Geral de Justiça e a Assessora de Planejamento e Gestão do Ministério Público, Flávia Gomes Cordeiro de Castro, ficaram impressionadas com os trabalhos desenvolvidos no local. “O Ministério Público deve se empenhar na prevenção à violência, e por isso ficamos muito felizes e empolgados com as conquistas do MP3. A nossa missão, enquanto Procuradores e Promotores de Justiça, é exatamente essa: transformar a realidade social, oferecendo melhores condições de vida às pessoas”, declarou Zélia Saraiva.

O coordenador do movimento, Francisco Júnior, falou um pouco sobre a história do projeto. De acordo com ele, a ideia inicial era dar acolhimento a moradores de rua. Depois de conhecer melhor as peculiaridades de cada comunidade de Teresina, ele optou por trabalhar na reinclusão social dos jovens envolvidos com gangues. “Todas as sextas-feiras, nós reuníamos os meninos no coreto da Praça Pedro II. O objetivo era identificar os talentos de cada um. A maioria tinha aptidões para música, dança, grafite… Com o tempo, todos sentimos necessidade de um espaço, de um ambiente próprio”. Assim, a sede do movimento se transformou em uma espécie de “zona de paz”, onde os jovens podem se confraternizar, praticar esportes e se dedicar a trabalhos manuais. Francisco Júnior conta, inclusive, que muitas rivalidades entre membros de gangues foram dissipadas durante a convivência. “Esses jovens só precisam de oportunidades para cessar a violência. Precisam de lazer, de espaço, de alguém que possa ouvi-los”, continuou ele.

A equipe do Ministério Público pôde conhecer o trabalho artístico desenvolvido na sede do projeto

 

O primeiro encontro entre a Procuradora-Geral de Justiça e o coordenador do MP3 foi muito produtivo, porque eles puderam conversar sobre as principais mazelas da periferia e pensar em soluções. Zélia Saraiva Lima, Flávia Castro, Leida Diniz, a Analista Ministerial Moema Oliveira e Francisco Junior falaram sobre o problema das adolescentes que se prostituem para comprar drogas, sobre o elevado número de assassinatos registrados em Teresina nos últimos dias e sobre alternativas para o sistema penitenciário, que atualmente não tem condições de capacitar e de recuperar presos.

A Procuradora-Geral de Justiça aproveitou para conhecer a estrutura do local, e também pôde ouvir relatos comoventes e animadores dos jovens que foram atendidos pela casa. Vários conseguiram ingressar no ensino superior, e hoje ministram cursos para o projeto. Depois de conferir todo o trabalho desenvolvido pelo MP3, a equipe do Ministério Público decidiu firmar parcerias que resultem em benefícios para a sociedade. “Nós temos o dever de estabelecer um contato constante com as comunidades, justamente porque o Ministério Público é a instituição responsável pela defesa dos interesses coletivos. Só parcerias como essa podem atacar as raízes da problemática que envolve o crime, as drogas e a violência”, disse a Promotora de Justiça Flávia Castro.

Adolescentes têm a oportunidade de assistir a cursos de informática e eletrônica, entre outros

 

A ideia é reunir uma equipe de Promotores de Justiça, para que sejam desenvolvidos projetos em conjunto. Além disso, o Ministério Público pretende prestar apoio ao MP3 através da renda obtida com as transações penais propostas no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, e ainda com a doação de bens inservíveis, que podem ser empregados nos trabalhos de reciclagem.

O MP3 funciona na Av. Valter Alencar, n˚ 762, bairro São Pedro, zona sul de Teresina, e pode receber o lixo eletrônico que geralmente descartamos. “É impressionante o que se constrói aqui com coisas que a maioria das pessoas joga fora inconsequentemente”, observou Zélia Saraiva. De fato, a sede do MP3 é toda enfeitada com canteiros cultivados dentro de geladeiras e aparelhos de televisão, além de belos quadros pintados em TVs e até uma pequena praça construída com velhos monitores de computador e até vasos sanitários muito bem decorados, tudo recolhido no lixo. A equipe do Ministério Público ressaltou ainda que essa iniciativa contribui para a preservação do meio ambiente, que também é um dos objetivos da instituição.

Nada se perde: velhos aparelhos de TV recolhidos no lixo são aproveitados como canteiros e podem até virar belas obras de arte

Equipe do Ministério Público se impressiona com a acolhedora praça construída unicamente com peças de louça descartadas e monitores velhos

Francisco Júnior mostrou também a estrutura do teatro (foto), que está sendo construído, além dos ambientes de lazer e esportes