Em face do período natalino, a Corregedoria Geral do Ministério Público e o Núcleo de Promotorias de Justiça de Piripiri realizaram campanha para arrecadação de donativos para a Fundação Monte Tabor, na zona rural de Piripiri, que realiza tratamento a dependentes químicos. A entrega ocorreu no último dia 17 de dezembro, com a visita de uma comitiva de membros e servidores do ministério Público.

De acordo com a Promotora de Justiça Cléia Fernandes, o objetivo da campanha, que teve apoio da Procuradoria Geral de Justiça e de um grupo de Promotores de Justiça, é levar pessoalmente uma mensagem de otimismo e esperança, permitindo também vivenciar de perto a experiência na casa terapêutica.

 

 

A programação se iniciou com celebração do Frei Fernandes Barros de Morais, religioso da ordem franciscana, pároco da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios e orientador espiritual da Fundação Monte Tabor. Em sua fala, ressaltou que a comunidade muitas vezes prefere observar à distância o serviço, nem sempre se dispondo a colaborar. Sobre o período natalino, enfatizou a alegria necessária à preparação para este período. Também agradeceu o apoio recebido da Justiça, principalmente dos Promotores de Justiça e Juízes de Direito da Comarca de Piripiri.

Em continuidade, a psicóloga do Ministério Público, Liandra Nogueira, coordenou dinâmicas motivacionais, seguidas de depoimentos dos residentes.  As atividades foram finalizadas com almoço de confraternização entre os presentes.

A Fundação Monte Tabor é Instituição sem fins lucrativos, fundada pelo Frei João Gizer em 2001. Atualmente tem 14 residente, e oferece serviços de tratamento a homens em situação de dependência química, na modalidade de residência terapêutica.

 

 

A Resolução RDC ANVISA nº 29/11 define as comunidades terapêuticas como Instituições que prestam serviços de atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas, em regime de residência, tendo como principal instrumento terapêutico a convivência entre os pares.

Essas unidades têm por função a oferta de um ambiente protegido, técnica e eticamente orientados, fornecendo suporte e tratamento aos usuários abusivos e/ou dependentes de substâncias psicoativas.

Além disso, oferecem uma rede de ajuda no processo de recuperação das pessoas, resgatando a cidadania, buscando encontrar novas possibilidades de reabilitação física e psicológica, e de reinserção social.

O tratamento é oferecido ao longo de 9 meses, mediante ingresso voluntário. Muitos, porém, não conseguem chegar a termo e abandonam a Casa. Os que ficam reconhecem os 3 primeiros meses como o período de maior dificuldade, quando os efeitos da abstinência são maiores.

O residente da Fundação Monte Tambor M. L de A., de 21 anos, considera que este não é o maior desafio, “ficar limpo das drogas, lícitas ou ilícitas, é fácil, difícil é fazer uma limpeza dos defeitos do caráter”, concluiu. 

Localizada em uma área reservada e cercada pela natureza, que favorecem a harmonia e as bases do processo de tratamento terapêutico, quais sejam, a espiritualidade, trabalho e disciplina.

Por intermédio da espiritualidade, os residentes têm contato com a Bíblia, celebrações, oração pessoal e reflexão. Em termos de disciplina eles são orientados a organização de uma rotina diária atendendo aos horários preestabelecidos.

A relevância do trabalho é notória, sobretudo num momento em que a sociedade vivencia a proliferação do uso de drogas ilícitas e lícitas. Segundo Relatório Mundial Sobre Drogas de 2008, da Organização das Nações Unidas – ONU, o Brasil é o segundo maior mercado das Américas, com 870 mil usuários de cocaína, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com 6 milhões de usuários. O relatório também demonstra que esse consumo aumentou de 0,4 para 0,7% entre a população de 12 a 65 anos, no período de 2001 a 2004, o equivalente a um acréscimo de 75%.

As políticas públicas para assistir esse público ainda são embrionárias e com poucos serviços disponibilizados para as famílias atingidas.

Maria Luísa da Silva Lima, assistente social do Ministério Público, ressaltou a necessidade de um trabalho em rede: “trabalhar os residentes fora do contexto familiar e social pode dificultar o retorno e reinserção, pois os ficam não passaram pelo processo de reordenação das atitudes e podem não estar prontos para recebê-los”.

A Fundação Terapêutica Monte Tabor necessita de apoio da comunidade, para manter o atendimento aos residentes e para fins de ampliar as atividades e assim continuar prestando um serviço de referência para o Piauí.